Teoria dos jogos aplicada à compra e venda de casas

Estar bem informado é a melhor estratégia para obter um bom acordo.





A “teoria dos jogos” é um método matemático que se aplica ao mundo da economia e que se baseia na tomada de decisões pensando no que os outros vão decidir. Cada participante tem acesso a uma certa quantidade de informação e, com ela, toma decisões e assume riscos. A teoria pode ser aplicada também na compra a venda de imóveis.

Há uns anos, quando íamos comprar uma casa enfrentávamos um agente imobiliário ou proprietário que controlava informação e determinava um preço que lhe fosse favorável. Tradicionalmente existia a chamada “assimetria de informação”, ou seja, o agente imobiliário tinha muito mais informação do que o comprador, sobre o imóvel, as ofertas e o mercado.

Se o potencial comprador definisse um orçamento muito baixo, o jogo terminava: não havia acordo porque o benefício era baixo para o vendedor, ou porque a casa era demasiado cara para o comprador.

Por outro lado, se o agente referisse ter outra oferta, sem revelar qual, o comprador teria pouca informação e a única coisa que podia fazer era tentar saber de que valores se estava a falar. Se a quantia fosse superior ao orçamento, o jogo acabava, não havia acordo.

Como podemos, então, aproveitar a “teoria dos jogos”?
Tendo mais informação! Há uns anos atrás o comprador tinha de se fiar no vendedor e chegar a acordo com a pouca informação de que dispunha, mas a internet veio mudar essa “assimetria”.

Atualmente, a existência de inúmeros sites com listas de informação sobre imóveis à venda permite que os compradores estejam bem informados e assim podem negociar melhor os preços. Contudo, isto não é uma desvantagem para os vendedores, pois também eles têm acesso à mesma informação e sabem até onde podem subir os preços.

Os sistemas tendem, portanto, a restabelecer o equilíbrio entre comprador e vendedor, desde que todos conheçam as regras e tenham acesso à informação. Isto é o que propõe a “teoria dos jogos” de Johan Nash (a partir da qual se fez o filme “Uma Mente Brilhante”).

Se o sistema tente ao equilíbrio, porque é que no setor imobiliário, por vezes, há um aumento exagerado de preço?
Isso deve-se a outra versão da “teoria dos jogos”, chamada de “paradoxo de Jevons”: se aumentarmos a eficiência de um bem, em vez de poupar, incentivamos o consumo desse bem e elevamos o seu preço. Embora Jevons se referisse ao aumento da eficiência do consumo de carvão no século XIX, a ideia pode também aplicar-se ao setor imobiliário na primeira década do século XXI.

Em suma, a “teoria dos jogos” tenta explicar como negoceiam dois ou mais agentes, como se formam os preços e qual é o resultado final. Segundo Nash, quando há benefício mútuo, os sistemas crescem em equilíbrio. Daí surge o “dilema do prisioneiro”: se dois criminosos detidos fazem uma confissão pensando no que o outro vai pensar, talvez consigam livrar-se da pena. Se pensarem de forma egoísta, serão os dois castigados.

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