Autarquia tentava alienar o imóvel desde 2014, mas só agora apareceram interessados.
imagem: porto24.pt |
A casa desenhada há duas décadas pelo arquiteto Souto de Moura para
acolher o espólio do cineasta Manoel de Oliveira estava ao abandono há
vários anos. A Câmara Municipal do Porto (CMP) já a tinha tentado alienar, em
2014, mas a hasta pública ficou deserta. Hoje, em nova hasta pública, o imóvel
foi vendido por 1,58 milhões de euros.
O edifício foi adjudicado
provisoriamente à Supreme Tresures, Lda,
representada pelo advogado Diogo Duarte Campos, que não quis avançar pormenores
sobre o negócio ou a utilização a dar ao espaço, alegando “dever de sigilo
profissional”.
Já o presidente da CMP, Rui Moreira,
diz-se aliviado com a venda, porque “existia uma preocupação grande” pelo
imóvel estar “ao abandono”. Assim, foi resolvido “um problema de reabilitação”.
“É uma casa da autoria de Souto
Moura, portanto tem desde logo um impacto relevante na cidade do ponto de vista
arquitetónico e era um ativo que estava perdido porque o uso para que foi
concebido nunca foi concretizado e não foi com certeza por culpa da câmara
municipal”, acrescenta o autarca.
Apesar de não ser conhecida a
finalidade a dar ao imóvel, Rui Moreira não se mostra preocupado, até porque,
sendo uma casa “de autor”, a finalidade da mesma tem de ser aprovada pelo
arquiteto responsável. De qualquer modo, confessa que gostaria que o imóvel ganhasse
uma “componente cultural”, mas que “o mais importante é que seja utilizado”.
Ao contrário do que aconteceu na
hasta pública de 2014, nesta segunda vez o valor base de licitação envolveu
duas frações do imóvel (habitação e equipamento cultural), em vez de
diferenciar um montante para cada uma. Trata-se de um edifício com 160 metros
quadrados de área coberta e 1.800 metros quadrados de área descoberta e outro
com 98 metros quadrados de área coberta e 152 metros quadrados de área
descoberta.
A Casa Manoel de Oliveira foi
lançada em 1998 e concluída em 2003, mas nunca chegou a ser utilizada para o
fim a que se destinava por falta de acordo entre o cineasta e a Câmara do
Porto.
Comentários
Enviar um comentário