Radical e conhecido com o arquiteto dos pobres, é um dos mais novos a arrecadar o prémio e o primeiro no seu país.
imagem: revistacodigo.com |
O 41º Prémio Pritzker foi ontem
entregue ao arquiteto chileno Alejandro
Aravena, conhecido pelo seu trabalho nos domínios do ensino, bairros
sociais, edifícios institucionais e museus, em países por todo o mundo, como
Chile, EUA, México, China ou Suiça.
Alejandro Aravena é diretor
executivo do ateliê Elemental, sediado
em Santiago do Chile, que realiza projetos nas áreas sociais, de transporte,
espaço urbano e habitação, em parceria com a Universidade Católica do Chile e a
empresa de petróleos Copec.
O arquiteto é formado na
Universidade Católica do Chile, é o primeiro
chileno a receber esta distinção e tem apenas 48 anos, jovem para a média
de idades do Pritzker, que é visto como uma distinção de carreira. Mas até isso
parece estar a mudar. Em declarações ao DN, o arquiteto João Luís Carrilho da
Graça explica que “os prémios Pritzker funcionam sempre um pouco assim. São
radicais no sentido de estar sempre a chamar a atenção para o que é fundamental
na arquitetura”, que muitas vezes não é só construir um edifício, mas sim um
abrigo.
A assinatura arquitetónica de
Aravena e da sua equipa surgiu em 2004, quando se deparou com a necessidade de
alojar cem famílias que ocupavam ilegalmente terrenos no centro de Iquique, no
norte do Chile, e que, com o subsídio do governo, não conseguiam nem comprar
terreno nem construir novas casas. Aravena
decidiu então construir metade de cada casa, com uma cozinha, uma casa de banho
e um terraço. A outra metade ficaria a cargo da família que habitasse a casa.
A partir daí, somaram-se projetos
semelhante. Outro exemplo aconteceu em 2010, quando o Chile foi atingido por um
terramoto seguido de um tsunami. O ateliê Elemental foi chamado a atuar e
principiou a construção de casas para os desalojados.
De 2004 até hoje, o modelo
arquitetónico de Aravena já erigiu 2500
casas, no Chile e no México. Na opinião do júri do Pritzker, o trabalho
deste arquiteto “dá oportunidade económica aos menos privilegiados, mitiga os
efeitos dos desastres naturais, reduz o consumo energético e oferece espaços
públicos convidativos. Mostra como a arquitetura, no expoente, pode melhorar a
vida das pessoas”.
“Alejandro Aravena sintetiza o
renascimento de um arquiteto socialmente engajado […]. Ele tem um profundo
conhecimento tanto da arquitetura como da sociedade civil, algo que se reflete
em seus escritos, no seu ativismo e nos seus projetos. O papel do arquiteto é
agora desafiado a servir a necessidades sociais e humanitárias maiores, e
Alejandro Aravena tem respondido a este desafio de modo claro, generoso e pleno”,
acrescenta o júri.
Atualmente, o ateliê do arquiteto
está a trabalhar na nova sede da farmacêutica Novartis, em Xangai e é com
projetos como este que ajudam a financiar os projetos de cariz social e
humanitário.
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