Chileno Alejandro Aravena ganha Pritzker 2016


Radical e conhecido com o arquiteto dos pobres, é um dos mais novos a arrecadar o prémio e o primeiro no seu país.



imagem: revistacodigo.com


O 41º Prémio Pritzker foi ontem entregue ao arquiteto chileno Alejandro Aravena, conhecido pelo seu trabalho nos domínios do ensino, bairros sociais, edifícios institucionais e museus, em países por todo o mundo, como Chile, EUA, México, China ou Suiça.

Alejandro Aravena é diretor executivo do ateliê Elemental, sediado em Santiago do Chile, que realiza projetos nas áreas sociais, de transporte, espaço urbano e habitação, em parceria com a Universidade Católica do Chile e a empresa de petróleos Copec.

O arquiteto é formado na Universidade Católica do Chile, é o primeiro chileno a receber esta distinção e tem apenas 48 anos, jovem para a média de idades do Pritzker, que é visto como uma distinção de carreira. Mas até isso parece estar a mudar. Em declarações ao DN, o arquiteto João Luís Carrilho da Graça explica que “os prémios Pritzker funcionam sempre um pouco assim. São radicais no sentido de estar sempre a chamar a atenção para o que é fundamental na arquitetura”, que muitas vezes não é só construir um edifício, mas sim um abrigo.

A assinatura arquitetónica de Aravena e da sua equipa surgiu em 2004, quando se deparou com a necessidade de alojar cem famílias que ocupavam ilegalmente terrenos no centro de Iquique, no norte do Chile, e que, com o subsídio do governo, não conseguiam nem comprar terreno nem construir novas casas. Aravena decidiu então construir metade de cada casa, com uma cozinha, uma casa de banho e um terraço. A outra metade ficaria a cargo da família que habitasse a casa.

A partir daí, somaram-se projetos semelhante. Outro exemplo aconteceu em 2010, quando o Chile foi atingido por um terramoto seguido de um tsunami. O ateliê Elemental foi chamado a atuar e principiou a construção de casas para os desalojados.

De 2004 até hoje, o modelo arquitetónico de Aravena já erigiu 2500 casas, no Chile e no México. Na opinião do júri do Pritzker, o trabalho deste arquiteto “dá oportunidade económica aos menos privilegiados, mitiga os efeitos dos desastres naturais, reduz o consumo energético e oferece espaços públicos convidativos. Mostra como a arquitetura, no expoente, pode melhorar a vida das pessoas”.

“Alejandro Aravena sintetiza o renascimento de um arquiteto socialmente engajado […]. Ele tem um profundo conhecimento tanto da arquitetura como da sociedade civil, algo que se reflete em seus escritos, no seu ativismo e nos seus projetos. O papel do arquiteto é agora desafiado a servir a necessidades sociais e humanitárias maiores, e Alejandro Aravena tem respondido a este desafio de modo claro, generoso e pleno”, acrescenta o júri.


Atualmente, o ateliê do arquiteto está a trabalhar na nova sede da farmacêutica Novartis, em Xangai e é com projetos como este que ajudam a financiar os projetos de cariz social e humanitário. 

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