De nove instituições, só duas ainda disponibilizam crédito indexado à Euribor a seis meses.
Com a queda das taxas de juro para valores negativos, a
maior parte dos bancos já só aprova novos empréstimos para compra de casa
indexados à Euribor a 12 meses, a única que se mantém positiva. Os spreads
cobrados, por sua vez, não param de subir, atingindo um máximo de 5,8%
(Novo Banco).
O DN/Dinheiro Vivo esteve a analisar
os precários da CGD, BCP, BPI, Santander Totta, Novo Banco, Montepio, Barclays,
Banco Popular e Crédito Agrícola e constatou que já só o BCP e o Montepio oferecem crédito indexado à Euribor a seis meses.
Os restantes, só apresentam valores para financiamento indexados à taxa Euribor
a 12 meses.
“Nos novos contratos de crédito
comercializados pela banca temos assistido a uma utilização dos prazos mais
longos da Euribor, sendo o prazo de 12 meses o mais utilizado atualmente”, confirma
o economista da Deco, Nuno Rico.
Futuramente, o número de
contratos com a Euribor a 12 meses como indexante deverá aumentar já que, atualmente,
os bancos estão a perder receitas
com os empréstimos antigos, com as taxas negativas a serem obrigatoriamente
descontadas no valor do spread
cobrado. As famílias estão, por enquanto, a ganhar: não pagam juros e têm tido spreads mais baixos.
Desde 30 de março de 2015 que o
Banco de Portugal (BdP) obriga os bancos a repercutir as taxas de juro
negativas nos créditos em curso. Desde logo a Associação Portuguesa de Bancos
defendeu que “é um contrassenso ter associado a um crédito – em que é a
instituição bancária que presta um serviço ao cliente – uma taxa de juro
negativa, pois tal significaria ser o banco a pagar ao cliente pelo empréstimo
que lhe concedeu”, mas Nuno Rico considera que “o verdadeiro teste à aplicação
da recomendação do Banco de Portugal acontecerá quando o indexante atingir
valores negativos superiores aos spreads
mais baixos aplicados em contratos de crédito em vigor (da ordem doa 0,2%),
tornando a taxa aplicável ao contrato efetivamente negativa”.
Para se defenderem, “muitos
bancos já estão a incluir uma cláusula em que, caso a Euribor atinja valores
negativos, a taxa a aplicar ao contrato não poderá ser inferior ao spread contratado, cabendo ao cliente a
aceitar ou não”, acrescenta o economista.
Quase um ano depois da
recomendação do BdP, a maioria dos bancos já só oferece crédito indexado à
Euribor a 12 meses e os spreads
cobrados pelos bancos (margem de lucro consoante o risco do cliente) não param
de subir. Nos precários dos nove bancos analisados pelo DN/Dinheiro Vivo a média dos spreads mínimos é de 1,87% e dos
máximos 4,48%. O Montepio é quem tem o juro mínimo mais elevado (2,3%) e o
Novo Banco tem o juro máximo mais alto (5,8%).
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