Oito mil estrangeiros já pediram estatuto de residente não habitual


Regime dá benefícios fiscais a quem venha morar para Portugal: os reformados não pagam IRS e os restantes pagam apenas 20%. 





Quase oito mil estrangeiros já pediram para viver em Portugal no âmbito do estatuto de residente não habitual (RNH), que dá direito a ficar isento de IRS, durante 10 anos, no país de origem e em Portugal (se forem reformados) ou a pagar uma taxa de IRS de apenas 20% (se vieram trabalhar em áreas de elevado valor acrescentado). Desses, 5653 já conseguiram o estatuto e 1754 estão a aguardar que o pedido seja analisado pela administração fiscal.

 “Até ao momento foram recebidos 7921 pedidos de atribuição do regime de residente não habitual”, revelou o Ministério das Finanças. Grande parte dos estrangeiros que procuram este estatuto são reformados, na maioria franceses, finlandeses e suecos, mas também alemães, brasileiros, britânicos e tunisinos. Os não reformados vêm em menor número, visto que as vantagens fiscais não são tão atrativas, e são geralmente gestores, engenheiros, programadores informáticos e investigadores.

O regime fiscal dos RNH foi criado em 2009 e o número de pedidos tem vindo a aumentar nos últimos anos. Entre 2009 e 2012 Portugal recebeu em média cem pedidos por ano, em 2013 já eram mil. Em 2014 o número subiu para 2416 e no ano passado o país recebeu 3474 pedidos. O clima, as praias e o custo de vida são mais-valias, mas o regime fiscal tem sido apontado como o principal motivo da escolha do nosso país.

O sucesso deste regime fiscal está a chamar a atenção de outros países, que já estudam formas de combater esta “concorrência fiscal” portuguesa, nomeadamente a Finlândia e a Holanda. De acordo com o Dinheiro Vivo, Helsínquia estará já a estudar a possibilidade de alterar a convenção fiscal para permitir a tributação no país de origem, qua agora não é permitido. Na Holanda a convenção existente permite tributar os seus reformados mesmo que estes se mudem para outro Estado.

“Perante esta possibilidade, alguns estrangeiros começam a pensar em renegociar o seu pedido a este regime porque, se forem tributados no seu país de origem, arriscam pagar um imposto mais elevado do que se o pagassem em Portugal”, diz Dennis Green, da consultora Eurofinesco.


Em breve será possível fazer o pedido de adesão ao regime no Portal das Finanças, que irá verificar o cumprimento de requisitos e, depois, validar automaticamente o pedido, diminuindo assim o tempo de resposta.

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