Leilani Farha,
Relatora Especial da ONU, visitou Portugal para avaliar o impacto das medidas
de austeridade junto das populações mais vulneráveis. Numa entrevista ao jornal
Público a relatora mostrou-se chocada com as condições de habitação que encontrou,
mas não surpreendida.
Porto e Lisboa foram
as cidades escolhidas. No Porto visitou as chamadas “ilhas”, em Lisboa o Bairro
6 de Maio, na Amadora, e o Bairro da Torre, em Camarate. “Não há luz há dois meses” e “a comunidade cigana também
não tem água”, conta. “Vivem no escuro. E estava tão escuro. Vivem com lixo ao
lado. São condições muito, muito duras”, afirmou Leilani Farha.
Questionada sobre se identificou
violações dos direitos humanos pelas autoridades ou pelo Estado, Leilani
respondeu afirmativamente. “Demolir casas sem que as pessoas tenham sítio para
ir é uma violação do direito à habitação condigna. Não se pode demolir uma casa
sabendo que essa pessoa vai ficar sem abrigo: isso é uma violação clara do
direito à habitação condigna”.
Apesar de ter ficado chocada, a relatora revelou que as condições que encontrou não foram uma surpresa.
Houve
situações que classificou como de necessária intervenção imediata. “Houve pessoas que me disseram que sentem que o Governo as
trata como animais, que têm medo de perder os seus filhos para as autoridades
por causa das condições inadequadas de habitação em que vivem”, explicou
Leilani ao jornal Público.
Para a relatora, as soluções
passam por construir mais habitação social, e no caso de essa solução ser
demasiado cara, atribuir subsídios de ajuda para quem arrendar casa por outros
meios. Mas até que a solução seja posta em prática há que parar com os despejos
de pessoas que não têm para onde ir.
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