Autódromo do Estoril está ilegal há 45 anos

Nunca existiu licença de construção ou de utilização para o Autódromo do Estoril. Em 1972 a construção começou sem licenças e sem escritura da compra dos terrenos que agora ocupa.


Só dois anos após a construção ter começado é que as escrituras dos terrenos, onde está edificado o autódromo, foram assinadas. Mesmo assim, a meio da obra a Grão-Pará (empresa responsável pela construção) reparou que os terrenos que havia comprado não eram suficientes para construir as pistas que desejavam. Assim, decidiram ocupar terrenos em volta dos seus, a fim de concluir a construção do autódromo com as dimensões que haviam planeado, divulga o Público.

Os terrenos em causa pertencem a privados e à Câmara Municipal de Cascais que agora reclamam a sua posse.

Mesmo estando ilegal o autódromo foi palco de várias cerimónias e ocasiões oficiais. Foi inaugurado pelo Presidente da República Américo Tomás e por vários membros do governo de Marcelo Caetano. Foi também lá que Ayrton Senna ganhou o seu primeiro Grande Prémio.

Tanto o Governo como o município de Cascais financiaram, por diversas ocasiões, obras de monta para que o autódromo cumprisse as exigências da Fórmula 1. Ao mesmo tempo, a Autodril  - Sociedade do Autódromo do Estoril recebia ameaças de expropriação por parte da Câmara de Cascais. Ameaças essas que nunca chegaram a avançar.

Em 1997 o autódromo acabou por passar para as mãos da Parpública (empresa que gere as participações do Estado) para saldar dividas que a Grão-Pará tinha à Segurança Social, às Finanças e ao Fundo de Turismo e Tesouro.

Em 2015, o município de Cascais tentou comprar o autódromo por 5 milhões de euros, mas a operação foi chumbada pelo Tribunal de Contas.  

Essa intenção mantém-se porque “só assim acreditamos que se consegue regularizar” toda a situação, declarou Carlos Carreira, autarca de Cascais, ao jornal Público.

Caso não haja uma resposta por parte do Estado, o presidente da Câmara de Cascais admitiu poder avançar com um pedido de expropriação.

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