Herdade da Aroeira deixada ao “abandono”

Ruas sujas, buracos nas estradas e lagos vazios com falta de manutenção não são características próprias de um condomínio de luxo. Os moradores da Herdade da Aroeira, em Almada, queixam-se de terem sido abandonados pela Câmara Municipal de Almada, entidade a quem cabe a manutenção do espaço.


Construída nos anos 90, a Herdade da Aroeira conta hoje com 891 lotes de moradias, 720 apartamentos, dois campos de golfe, um lote de hotel, piscina, quatro courts de ténis e zona comercial.

Apesar de ser um condomínio de luxo, não é privado. A herdade está sob o domínio da Câmara Municipal de Almada que entregou a manutenção do espaço à Silaroeira.

A Silaroeira por sua vez, diz não ter dinheiro para cumprir com todas as obras necessárias para manter o espaço como seria suposto. A razão é o facto de cerca de 40% dos residentes na herdade se recusar a pagar os 500 euros mensais de condomínio que foram acordados com os primeiros compradores nos anos 90.

Os habitantes da Herdade da Aroeira recorreram ao tribunal para impedir a cobrança fixa de 500 euros por mês e o tribunal deu-lhes razão.

IMI de luxo


Por outro lado, a Câmara Municipal de Almada também retira o seu lucro daquele condomínio.

“A herdade está classificada como uma ‘zona de luxo’, à qual corresponde o coeficiente de localização mais elevado do concelho (2,1) para efeitos do cálculo do IMI”, explicou a presidente da Associação de Proprietários e Habitantes da Aroeira (APRHA), Felismina Ferreira ao jornal Público.
Há proprietários que chegam a pagar 15 mil euros de IMI por ano, mas a associação de moradores não vê o retorno desses impostos.

“A Câmara de Almada nunca prestou na Herdade da Aroeira os serviços que lhe competem, sempre recebeu o dinheiro dos impostos dos residentes, delegou responsabilidades no promotor imobiliário da urbanização, que não as cumpre, nunca fiscalizou a forma como os serviços eram prestados pela empresa alegadamente responsável pelos mesmos e demonstra conivência com a empresa que, por sua vez, exige ser paga pelos residentes”, defende a APRHA.

Contactada pelo Público, a autarquia garantiu que “em momento algum menosprezou a necessidade de conservação e manutenção do espaço público na Herdade da Aroeira” e que “neste momento decorrem os prazos processuais do processo desencadeado, cujo término se conformará com as responsabilidades assumidas e no quadro legal vigente”.

O Público tentou também falar com Pedro Silveira, administrador da Silaroeira, mas ainda não obteve qualquer resposta.

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