Um relatório da Cáritas Europa, revelado esta terça-feira, revela que os jovens portugueses não têm capacidade financeira para arrendar ou comprar casa.
Imagem: Pexels
Os empregos precários, os baixos salários e os contratos
irregulares aliados à inflação dos preços do imobiliário impossibilitam que os
jovens portugueses alcancem a autonomia de sustentar uma casa sozinhos.
O documento revelado destaca um estudo do Núcleo de
Observação Social da Cáritas Portuguesa que refere que a situação de habitação
em Portugal “tornou-se insustentável”.
“Os preços da habitação em Portugal, quando comparados com a média
dos valores dos rendimentos, são desproporcionados. Os jovens precisam de um
futuro.”, apela o relatório.
O preço das habitações antigas tem vindo a valorizar mais do que a
construção nova.
As habitações sociais podem ser uma das hipóteses para atribuir
casa aos mais jovens, mas a maioria precisa de obras. O estudo estima que sejam
necessários cerca de 50 milhões de euros para fazer essas reabilitações.
"A autonomia passa muitas vezes por uma vida
independente que é ter habitação própria e os jovens com o dinheiro que auferem
não têm acesso à habitação, as rendas são muito elevadas", referiu
Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, à agência Lusa.
A nível europeu a Cáritas classifica um novo tipo de pobreza
juvenil: “jovens casais trabalhadores que dificilmente conseguem suportar as
suas despesas e que não podem construir uma família. A Cáritas chama-lhes Sinkies”.
"As oportunidades de emprego e os níveis
salariais diminuíram acentuadamente desde a crise financeira de 2008. Portugal
regista ainda um elevado nível de desemprego jovem, muitos deles emigraram a as
habilitações de nível superior não estão a ser valorizadas pelo mercado de
trabalho”, refere o relatório.
O presidente da Cáritas Portugal refere que a responsabilidade não
deve ser unicamente apontada ao Ministério do Trabalho, da Solidariedade e
Segurança Social. Existe "a necessidade de
uma maior articulação e de acompanhamento das políticas setoriais".
"Há que identificar os atores que têm intervenção direta na superação das
causas da pobreza".
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